O que há de errado com Tiger Woods?

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por: Ricardo Fonseca*

Ao jogar os quatro dias do The Players Championship e completar 22 rodadas competitivas em 2009, Tiger Woods finalmente cumpriu o requisito mínimo para aparecer nas estatísticas do PGA Tour. Mas o que se vê no desempenho do número 1 do mundo nos principais fundamentos do golfe é tão assustador tanto para ele como para sua torcida: o melhor jogador do mundo não está nem entre os cem primeiros quando se trata de acertar os drives na raia (142º lugar) ou acertar os greens (102º).

Como explicar, então, que desde sua volta às competições, depois de oito meses se recuperando de uma cirurgia para reconstruir os ligamentos do joelho esquerdo, Tiger Woods tenha vencido um torneio e ficado quatro vezes entre os dez primeiros nos cinco torneios de stroke play que disputou? A resposta está na incrível capacidade de recuperação do número 1 do mundo, que é o quarto jogador que mais salvou pares na temporada, ou seja, em 68,5% das vezes em que errou o green, ele terminou o buraco com par ou birdie.

"Fore!" - Tome-se, por exemplo, o The Players, onde mesmo jogando mal, Tiger chegou á rodada final empatado em segundo, com direito a sair no grupo final por ter sido o primeiro dos vice-líderes a terminar a terceira rodada. Domingo, quando se esperava o previsível colapso de Alex Cejka, líder por cinco tacadas, quem caiu junto com ele foi o próprio Woods, que acertou apenas seis de 14 raias, seu pior desempenho de uma semana onde teve apenas 54% de precisão nos drives, o 62º nesse quesito entre os 70 finalistas no TPC Sawgrass!

Tiger foi um pouco melhor em acerto de greens, apesar de seu desempenho nesse fundamento ter caído dia a dia. Domingo, acertou apenas 56% dos greens, para terminar a semana em 40º lugar na estatística (44 greens em 72). O que diferenciou o campeão de 14 majors dos demais jogadores em campo foi que ele salvou o par em 70% das vezes, apesar de seu putt também não estar lá essas coisas.

Joelho - Apesar de qualquer coisa além da vitória ser frustrante para Tiger Woods, ele encontrou motivos para comemorar. Afinal, essa foi a primeira vez em mais de um ano que Tiger jogou dois torneios em semanas consecutivas e seu joelho operado nada sofreu. “O joelho está perfeito; o que não vai bem é o swing”, brincou Woods. “Se eu miro reto, a bola vai para a direita; se mirou à esquerda a bola também vai para a direita e se eu antecipo um pouco o “release” (passagem das mãos), a bola ainda vai para a direita”, resume. “É muito frustrante!”

Esses erros não foram uma surpresa para Woods, que uma semana após o seu fraco desempenho a partir do tee durante o Masters, recebeu em sua casa em Windermere, na Flórida, oito novas varas para seu driver, que continua sendo construído conforme sua preferência: 8,5º de loft (inclinação perpendicular em relação ao solo) e com a 1,5º aberta. Eram varas de várias marcas e pesos que tinham o único objetivo de ajudar o número 1 do mundo a ser mais consistente nos drives.

O jogo curto de Woods continua soberbo. Afinal, foi a única coisa que ele treinou durante o inverno, quando aguardava o aval dos médicos para poder forçar novamente o joelho esquerdo em tacadas longas. “Approaches, chips e putts foi tudo o que eu fiz por meses” diz Woods. “Tinha que aprender”, brinca.

Com que vara eu vou? - Das novas varas para seu driver, Woods optou por testar três delas, todas protótipos. A mais leve era uma True Temper Project X, de grafite, com 76 gramas; a intermediária uma Oban Tour de 85 gramas; e a mais pesada uma Aldila Voodoo XPP8, de 89 gramas. Mas não se apaixonou por nenhuma. Na semana anterior, no Quail Hollow Championship, ele usou a Aldila no Pro-Am, trocou para a Oban nas rodadas de quinta e sexta, mas no fim de semana voltou para a Mitsubishi Diamana White Board, de 83 gramas, que ele vem usando por vários anos.

Woods não revelou ainda seu calendário para as próximas semanas, mas sabe que no U.S. Open, o torneio que realmente importa para quem precisa de mais quatro majors para igualar e cinco para superar o recorde de 18 torneios de Grand Slam vencidos por Jack Nicklaus, o driver será fundamental. Não dá para vencer no campo do Bethpage Black sem um jogo consistente dos tees.

Rick Nichols, gerente de campo da Nike, revela que a busca de Woods pela vara de driver ainda não terminou. “Há vários modelos que ele ainda não teve a oportunidade de testar”, conta. “Ele vai selecionar algumas e voltar a testar nos próximos dias”, revela. “Talvez encontre alguma que seja a melhor párea ele.”

*O jornalista Ricardo Fonseca é colaborador do site da Federação Paulista de Golfe e editor-chefe da revista Golf & Turismo

Fonte: Federação Paulista de Golfe